Dia 13 de Fevereiro de 1999, era um sábado e aí mais para o fim da manhã veio a minha mãe acordar-me a dizer que o meu irmão estava a jogar à bola e que a bola foi para a estrada e ele foi atrás dela, sendo vítima de um brutal atropelamento. Foi uma das semanas mais duras e ingratas até hoje na minha vida, e se pudesse mudar algo na minha vida era de certeza esse dia que mudava.
Naquela altura a música dava-me uma certa serenidade e calma interior e ainda me lembro de duas das músicas que na altura eu ouvia bué, era a “Life” da Des`ree e o “Big Big World” da Emilia Rydberg.
No domingo da semana a seguir, dia 21 de Fevereiro de 1999, ligaram do hospital de S. João no Porto aí por volta das 6.30h da manhã a dizer que ele tinha falecido, e lembra-me que chorei um bom bocado. O meu irmão chamava-se Marco Paulo Gomes Gonçalves.
No funeral dele tive que ficar com o meu pai e não acompanhei o funeral, pois o meu pai ficou bastante perturbado com a morte dele.
Eu conheço o rapaz que o atropelou, chama-se Paulo, e de início até falei com ele na boa, mas mais tarde quando o via sentia uma certa raiva dele, talvez por sentir que esta vida por vezes é muito injusta. Hoje se o voltar a ver já o encaro com outros olhos.
A Religião Católica diz-nos que há um Deus (as outras também dizem que o há, mas eu falo da católica porque foi nela que eu foi educado), mas já faz hoje quase oito anos que toda a minha fé e esperança nesse Deus se perderam definitivamente, pois foi nesta data que começou o princípio do fim da vida de meu irmão Marco.
O Marco era um miúdo espectacular, bondoso e muito bem-educado com as outras pessoas; que gostava imenso de jogar à bola e de andar sempre com o nosso outro irmão, o Rui (um ano mais novo) e com um outro amigo deles chamado Marcos (este miúdo é surdo-mudo), que eles carinhosamente chamavam “Mátitos”.
Deles os dois com quem tinha mais afinidades era com o Marco, talvez por ele ter uma personalidade mais parecida com a minha; sendo que passava alguns dos tempos livres com ele a jogar à bola ou a conversar. Se tivesse continuado cá ter-se-ia tornado, não tenho dúvidas disso, um grande homem.
Eu já uns dois ou três anos antes desse trágico acontecimento colocava em causa a existência desse mesmo Deus, tendo em conta todas as injustiças que são perpetradas por esse Mundo fora.
Como é óbvio tenho perfeita consciência que a causa de todas as injustiças e males que existem no mundo são pura e exclusivamente culpa do homem, mas a existir esse Deus talvez ele fizesse uma pequena luzinha aos homens que tendem a tentar autodestruir-se e a destruir os outros, de molde a que os colocasse no caminho correcto.
É por demais óbvio que se esse Deus existisse, esperaria que eu tivesse mais de cinco anos para ver o meu avô falecer com pouco mais de cinquenta anos vítima de atropelamento perto de casa; não deixaria que o meu irmão deixasse este mundo com apenas doze anos, também atropelado a poucos metros de onde o meu avô o havia sido e muito menos deixaria acontecer coisas iguais ou piores a outras pessoas.
Para sempre ficarão as saudades e a lembrança de ti, mano.
Um Abraço,
Pedro Gonçalves.
11 comentários:
Olha pete sinto muito o que aconteceu com o teu mano, apesar de haver muitas injustiças neste mundo acho k não deves duvidar nem por-te contra DEUS, nao sei se existe mas acredito que sim...Mas lembra-te pete que todos temos a nossa hora uns mais cedo outros mais tarde infelizmente!!Mas compreendo a tua revolta e mágoa são coisas k nao eskecem...beijinhos e força
meu querido amigo
Este texto tão grandioso, tão humano, tão saído das entranhas, dos sentimentos, da alma, do que há de mais generoso no ser humano, comoveu-me e impele-me a comungar de todo o coração com as tuas palavras, dúvidas, revoltas, angústias e esperanças.
Teu amigo fraterno
Luís
Li algures mais ou menos isto: 'Se nós soubéssemos o que os outros sofrem, os nossos sofrimentos não passariam de tristezas'.
Entendo perfeitamente o teu sentir e até a necessidade de partilhares o que te vai no espírito. Todos nós temos esses momentos de indignação com o 'inacreditável'.
Um abraço.
Manuel
Pete,
Um post bastante sentido de um assunto delicado mas no fundo é uma bela homenagem ao teu irmão ...!
Um grande abraço,
Miguel
Pedro, o que posso eu dizer? nada, apenas que lamento, e que a vida por vezes é estranha, é injusta, e perdoa a linguagem, uma grande cabra! No entanto acredito que Deus existe, e não é mau ou esquecido.
Uma sentida homenagem ao teu avô e ao teu irmão.
Um beijinho
Cris
Entendo a tua dor Pete, a sério! Mas não te revoltes contra Deus. Acredito que há coisas que só vamos entender um dia... mas também creio que Deus é bom e com certeza gosta muito de ti. Na verdade, só mesmo o amor de Deus é que pode aliviar essa dor tão grande que carregas, porque humanamente é quase impossivel.
Recebe o meu abraço sentido,
Daniela
...quando morre um ente querido ou lembramos essa morte reflectimos sobre o valor da vida ...e chegamos à conclusão que não somos nada ...de um momento para o outro podemos deixar de existir... quanto à existência de Deus ...Deus é uma criação dos homens ...de detreminados homens pelo que Ele só existe na mente de quem nele crê...
FORÇ'AÍ!
js de http://politicatsf.blogs.sapo.pt
Passei por aqui para deixar um beijinho de bom fim de semana!
Cris
Uno-me a ti nessa memoria, todos sabemos que temos que partir um qualquer dia, mas 12 anos creio que e muito cedo tambem!
Um abraco de solidariedade.
Para esquecer um pouco va ate Loule e viva o carnaval.
Um abraco d'Algodres.
Deus não tem nada a ver com isso.Mesmo porque as pessoas vem aqui na Terra com tempo contado.Seu irmãoe stava jogando bola na rua, sem epsnar em anda e aconteceu.Há muito mais sofriemnto no mundo e não sabemos qeu vdia teria.O que fica é o motorista continuar a viver como se nada houvesse. É o pior.Para Deus a morte não é castigo.Seu irmão está melhor do que nós.
E bom Feriado!!!
Beijinho
Cris
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